Tentei todos os tipos de tratamento, dietas, remédios, fórmulas, sopas e shakes, até consegui emagrecer, mas sempre recuperei os quilos tão duramente perdidos.”
“Nunca serei magro, por mais que me esforce e feche a boca.”
“Sonho com o dia em que vou me olhar no espelho e me sentir feliz...”
Depoimentos como esses chegam às dezenas, todos os dias, à redação de BOA FORMA. Embora variem as idades, o nível de escolaridade e a classe social, nossas leitoras e leitores compartilham o mesmo desejo: eliminar para sempre os quilos a mais. É o seu caso? Pois saiba que o sucesso é uma questão de atitude, como constataram, após várias tentativas frustradas de perder peso, vários leitores.
Repita para você mesmo “eu quero, eu posso, eu preciso” e acredite
“Ter fé na própria capacidade de operar as mudanças é meio caminho andado para o sucesso”, diz a psicóloga do corpo Daniela Zanuncini, de Curitiba (PR). Prova disso é a vendedora Ana Cecília Galvão Bernabé, 19 anos. Ao atingir os 105 quilos, decretou: “Agora chega”. Foram anos infrutíferos de dietas “milagrosas” e restrições alimentares plenamente justificáveis: aos 7 anos, ela já pesava 60 quilos. “Em casa, não entrava doce, eu tinha que visitar alguém ou esperar pelas festinhas para poder matar meu desejo”, lembra. A primeira inspiração para a mudança veio de uma amiga que tinha emagrecido 10 quilos. “Se ela conseguiu, por que eu também não posso chegar lá?”, perguntou-se. O problema era começar. Sabia que os resultados viriam com o tempo e que uma atividade física poderia ser um bom ponto de partida. Mas como enfrentar os olhares de reprovação e zombaria dos malhadores sarados das academias? “No primeiro dia de treino, morri de vergonha, mas encontrei tanto incentivo que logo me senti à vontade.” Tão à vontade que, durante cinco meses, passou seis horas por dia fazendo musculação e exercícios aeróbicos. Paralelamente, controlou a alimentação, restringindo porções, doces e frutas calóricas. Resultado: perdeu 40 quilos em nove meses. O irmão, que mora em Londres, não acreditou que as fotos enviadas fossem dela.
Disponha-se a mudar seus hábitos
“A maioria das pessoas com sobrepeso não quer emagrecer, mas sim ‘ser emagrecida’”, explica a nutricionista Tânia Regina Milani Collino, de São Paulo (SP). É o comportamento típico de quem procura fórmulas mágicas e que não exijam grandes sacrifícios. A analista de administração de pessoal Luciana Pessoa Pereira, 30 anos, que já pesou 70 quilos, fez várias dietas da moda. Os efeitos, é claro, nunca foram duradouros. “Comecei a ficar do jeito que eu queria depois que aprendi a comer”, conta. “Diminuí a quantidade, passei a fazer pequenos lanches entre as refeições principais, cortei gordura e açúcar e passei a beber 2 litros de água, no mínimo. Incentivada pelo meu marido, voltei a jogar vôlei, que pratiquei na adolescência. Na quadra, deixo o stress e também as calorias extras. É que não abri mão do chocolate...” A mudança de hábito, no caso de Luciana, foi decisiva. Ana Cecília, aquela que exterminou 40 quilos, também começou a ver resultados ao alterar a rotina alimentar. “Queria morrer só de olhar para um prato de salada. Como era compulsiva, acabava com um pacote de biscoitos recheados de morango mesmo sem gostar, caso não tivesse outro doce à mão. Hoje, se me permito comer um Big Mac à tarde, capricho nas frutas à noite. Se tem lasanha, me satisfaço com um pedaço.” Ou seja: assim como Luciana, Ana Cecília aprendeu a dosar a quantidade e a pensar na qualidade do que põe no prato.
Atitude 3
Descubra de que é a sua fome
O conselho é da psicóloga Daniela Zanuncini. “A ‘fome’ que algumas mulheres com problema de peso dizem sentir nem sempre é de comida e pode estar relacionada à insatisfação com a profissão, com as relações sociais e com a vida.”
A promotora Daniela Santana Greco, 26 anos, sempre esteve acima do peso, embora nunca tenha sido propriamente gorda. A culpa, em grande parte, era da ansiedade, agravada por problemas no relacionamento com o noivo ciumento. “Descontava tudo nos doces e nos salgados”, admite. “Pelo menos uma vez por semana, comia três lanches do McDonald’s seguidos. Terminei o noivado e mudei de vida. Consultei um médico, uma nutricionista e aprendi os truques alimentares dos Vigilantes do Peso, método que minha mãe ainda segue. Incentivada pela boa forma, comprei esteira, pesinhos, caneleiras e colchonete e passei a fazer os exercícios que a revista ensina. Também ando todos os dias no parque perto de casa. Em quatro meses, perdi 5 quilos, ganhei massa muscular e fiz novos amigos.”
Mude a imagem mental que você tem do próprio corpo
“Por mais gorda que alguém seja, tem de apagar do cérebro o seu desenho corporal, se quiser emagrecer de uma vez por todas”, aconselha o neurologista e psiquiatra Sidney Chioro, de São Paulo. “A mente é uma esponja que absorve todos os pensamentos. Culpar a genética ou ficar olhando com horror para o culote só serve para fixar a imagem negativa que impede as mudanças. Se, ao contrário, você redesenha seu corpo mentalmente, dá um passo importante para mudar a resistência ao emagrecimento, o grande empecilho para a perda de peso definitiva.” Foi o que fez Daniela, a moça ansiosa que engordou por causa dos conflitos com o noivo: agora, ao olhar-se no espelho, fica satisfeita. “Tinha 65 quilos na pior fase, estou com 59, mas vou chegar aos 55, porque é a minha meta.”
Encontre tempo para se cuidar
Ivete Cristian Santos da Gama, 23 anos, publicitária, sempre foi cheinha. Enquanto trabalhou num shopping em São Paulo, perdeu o controle sobre a alimentação. Aproveitava os fast foods da praça de alimentação e comia o dia inteiro. “Gastava o salário inteiro em lanches”, revela. Tipo mignon (ela mede 1,54 metro), achou demais os 55 quilos. Por isso, resolveu se matricular numa academia. Só que logo engravidou e... engordou 12 quilos. “Muita gente me dizia que eu não ia ter tempo para malhar por causa do bebê”, lembra. “Quando ele completou quatro meses, voltei para a academia. Ficava no máximo 40 minutos, mas ia todo dia no horário do almoço.” Fácil não foi. Ela mora em Santana, bairro da zona norte de São Paulo, e trabalha do outro lado da cidade, no Brooklin, na zona sul. Sai de casa às 7 da manhã e volta tarde, depois da faculdade, a tempo de brincar com o filho e cair na cama, já de madrugada. A academia foi importante não só para transformar a gordura em músculos (ela sente o maior orgulho dos gominhos da barriga) mas também porque, depois que passou a mexer o corpo, sentiu-se motivada para comer direito.
Atitude 6
Planeje direitinho o cardápio e as atividades físicas
“Muitas vezes o objetivo desejado torna-se inatingível por pura falta de planejamento”, acredita a psicóloga Daniela Zanuncini. “Traçar uma estratégia de ação dificulta o desvio de rota diante de imprevistos.” Isso significa organizar (e seguir) um cardápio saudável e pouco calórico e fazer atividade física regularmente. “Os primeiros 15 dias são fatídicos”, avisa a psicóloga. “Não sair do roteiro predeterminado nessa fase aumenta a autoconfiança e a motivação para seguir em frente.” Nossa leitora Ivete, por exemplo, não só encontrou tempo para malhar como seguiu seu treino com determinação: “Faço 20 minutos de exercícios aeróbicos e outros 20 de musculação e abdominais”, conta. “A persistência é que leva aos resultados desejados.”
Entre em acordo com suas guloseimas preferidas
“O desejo de emagrecer tem de ser bem amadurecido”, diz a nutricionista Tânia Collino. “Tentar várias dietas rápidas faz você perder tempo e não peso, pois os quilos indesejados acabam voltando. Comer um lanche mais calórico de vez em quando, tudo bem, mas, todo dia, nem pensar.”
A ex-gordinha Ana Cecília encara cada guloseima como um desafio: “Olho para a caixa de bombons, ela me olha e a gente acaba entrando num acordo. Ela não acaba com as minhas novas formas e eu não acabo com ela. Simples assim”.
A psicóloga Daniela Zanuncini diz que nunca se deve associar regime com perda. “Quando você emagrece, não perde peso, mas ganha leveza. Esse é o caminho para renovar a alegria de viver, que nos faz redescobrir pequenos prazeres sem qualquer relação com a comida preferida.”